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domingo, 27 de novembro de 2011

Möbius

Oi.

Parece estranho, né? Milhões de anos sem uma postagem e eu (re)apareço aqui com um "Oi." lacônico. É. Lacônico.
Não saberia dizer porque estou há tanto tempo sem postar. Tenho várias postagens escritas em duas antigas provas. Se bobear tem mais de 10 lá, prontas.
Sei porque eu postei. Recebi uma reclamação bem sutil.
E eu tenho esta postagem meio feita, meio preparada, meio mentalizada há muito tempo, só esperando o gatilho correto para ser digitada. E o gatilho veio.
Um Anel de Möbius. Literalmente.




E retrata uma condição que sempre passa pela minha mente: o Anel de Möbius.
O que é isso? É uma reta que cujas extremidades se tocam. Não tem início nem fim. É uma figura tri-dimensional que só tem um lado. É uma representação de um ciclo. É muito simples de fazer, este post explica.
Eu vi no melhor blog que existe a seguinte citação:
“Pensar dói.”
E eu me lembrei de algum tempo atrás, quando conversava com uma amiga sobre uma dor de cabeça fenomenal que tive e eu disse “Só dói quando eu penso”.

E eu preciso dar um chute nisto.
Recordo ainda de uma citação de um outro blog que vi hoje:
"[Um pouco de paz.]"

O que Möbius significa para mim: o ciclo. Meu Desespero, meu/minha Desejo, minha Morte, minha Destruição, meu Sonho, meu Desespero, meu/minha Desejo, minha Morte, minha Destruição, meu Sonho. Para sempre. E quando eu fecho os olhos eu vejo um ventilador e ouço um relógio fazendo Tic Tac Tic Tac Tic Tac. Ensurdecedor.
E eu sei que devo explicar as duas referências: a 1ª é de um filme que assisti há alguns dias, O Palhaço. É bom. Bastante. E a outra foi uma das trocentas postagens que fiz e não coloquei aqui.

E me lembro ainda de uma citação que acabei de me esquecer. Lembrei qual é. É de Sinal e Ruído, outra coisa que me lembra Möbius. O exemplar que está comigo não é meu. "Não me olha assim," Dani.

noite

que cai
branco
que cai

sombra
que cai

homem
que cai

que cai

sábado, 15 de outubro de 2011

Omnia Mutantur, Nihil Interit.

Boa noite.

Em Sandman, mais especificamente em Despertar e sendo bem preciosista, em Exilados, tem essa citação de Ovídio. "Omnia Mutantur, Nihil Interit." É uma citação linda. É perfeita. Significa "Tudo muda, mas nada se perde realmente."

E isso é totalmente verdade. É uma coisa que me lembra Sinal e Ruído. Mas essa citação resume uma boa parte do meu mundo: nada se perde, apesar das constantes mudanças. Essa frase vei uns dois mil anos antes da de Lavoisier, se eu não me engano "Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma.".

E aqui estou eu, assistindo a uma transformação do meu mundo e dos meus conceitos e de mim mesmo. Não sei o que será de mim.

Bons sonhos.

Boas mudanças.

P.S.: achei essa postagem perfeita.
http://filosofandoamarteladas.blogspot.com/2009/05/omnia-mutantur-nihil-interit.html

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Quem?

Eu adoro The Who.

E há algum tempo atrás eu acho que eu poderia ter dito "Boa noite, pessoal!" antes de começar a postagem, mas é porque eu estou ouvindo The Who agora e... Bem, é The Who. Boa noite, pessoal! A piada do título foi infame e batida, mas eu me divirto tanto... :)

E uma das melhores músicas deles é a classicíssima Won't Get Fooled Again. É a música tema de algum dos CSI, acho que é do Miami. Mas não importa, o que importa é o quão linda e perfeita e correta é a letra. A tradução tá embaixo. Selecionei algumas partes. Dizem que para bom entendedor, meia palavra basta.


Won't Get Fooled Again

We'll be fighting in the streets
With our children at our feet
And the morals that they worship will be gone
And the men who spurred us on
Sit in judgment of all wrong
They decide and the shotgun sings the song

I'll tip my hat to the new constitution
Take a bow for the new revolution
Smile and grin at the change all around me
Pick up my guitar and play
Just like yesterday
And I'll get on my knees and pray
We don't get fooled again

Change it had to come
We knew it all along
We were liberated from the fall that's all
But the world looks just the same
And history ain't changed
'Cause the banners, they all flown in the last war

I'll tip my hat to the new constitution
Take a bow for the new revolution
Smile and grin at the change all around me
Pick up my guitar and play
Just like yesterday
And I'll get on my knees and pray
We don't get fooled again
No, no!

I'll move myself and my family aside
If we happen to be left half alive
I'll get all my papers and smile at the sky
For I know that the hypnotized never lie
Do ya?

There's nothing in the street
Looks any different to me
And the slogans are replaced, by-the-bye
And the parting on the left
Is now the parting on the right
And the beards have all grown longer overnight

I'll tip my hat to the new constitution
Take a bow for the new revolution
Smile and grin at the change all around me
Pick up my guitar and play
Just like yesterday
Then I'll get on my knees and pray
We don't get fooled again
Don't get fooled again
No, no!

Yeah!

Meet the new boss
Same as the old boss


Não Seremos Enganados Novamente

Estaremos lutando nas ruas
Com nossos filhos em nossos pés
E a moral que eles pregam, irá sumir
Eos homens que nos incitaram
Jugam que todos estão errados
Eles decidem e as espingardas cantam o som

Eu tirarei meu chapéu para a nova constituição
Prestarei reverência a nova revolução
Sorrindo sem graça pelas mudanças em minha volta
Pego minha guitarra e toco
Exatamente como ontem
Ai me ajoelho e rezo
Não seremos enganados novamente

A mudança, ela tinha que vir
Nós sabiamos disso o tempo todo
Nós fomes libertados do curral, isto é tudo
E o mundo parece sempre o mesmo
E a história não muda
Porque os banners, eles estavam lançados na última guerra

Eu tirarei meu chapéu para a nova constituição
Prestarei reverência a nova revolução
Sorrindo sem graça pelas mudanças em minha volta
Pego minha guitarra e toco
Exatamente como ontem
Ai me ajoelho e rezo
Não semos enganados novamente
Não, não

Eu saio com minha familia de lado
Caso aconteceça de sairmos meio vivo
Eu pegarei todos meus documentos e sorrirei aos céus
Embora eu saiba que os hipnotizados nunca mentem
Não é?

Não há nada nas ruas
Parece diferente para mim
E as propagandas estão repletas
E a parte da esquerda
É agora parte da direita
E as barbas tornaram-se grandes de repente

Eu tirarei meu chapéu para a anova constituição
Prestarei reverência a nova revolução
Sorrindo sem graça pelas mudanças em minha volta
Pego minha guitarra e toco
Exatamente como ontem
Ai me ajoelho e rezo
Nós não seremos enganados novamente
Não seremos enganados novamente
Não, não!

Yeaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaah!

Conheça o novo chefe
Igualzinho o velho chefe





Algo mais a dizer?
Acho que só "bons sonhos".

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Vida, Morte, Mortalidade.

A heroína da postagem
Olá, pessoas.

Estou eu tentando lembrar de onde é uma das melhores citações de Didi (Morte, Teleute etc de Sandman). A citação é a seguinte:

"Vida - e eu não acho que eu seja a primeira a fazer essa comparação - é uma doença: sexualmente transmissivel e invariavelmente fatal.
E eu acho que isso é verdade. Quero dizer, se você não faz sexo, você não faz vida. Mas assim que a coisa chamada vida começa, há uma série de outras coisas às quais você precisa ficar atento.
E é pra isso que eu estou aqui hoje. É para dar informação. Se você prestar atenção, você pode aumentar as suas chances de viver um pouco mais - cinquenta, sessenta anos talvez, se você tiver sorte.".

E eu passo uns três dias tentando lembrar de onde era. Olho aqui, olho ali, olho em todos os meus volumes de Sandman. Aí eu finalmente penso "Seria incrivelmente ridículo se estivesse em um dos números de Morte." E Estava. Está, aliás. Em Morte, o Preço da Vida. E eu fiquei me sentindo incrivelmente ridículo.

Tinha uma citação perfeita em Sinal e Ruído, mas vou evitar falar muito de Sinal e Ruído, já falei demais.
E eu decidi que irei citar outro livro: Clube da Luta.
"A morte vai começar em três, dois.
O luar banha o céu da boca.
Preparar para o último suspiro, já.
Abandonar."

"Eventualmente, a taxa de sobrevivência de todo mundo cairá a zero".

A minha duvida é: em quantos por cento estará a minha taxa de sobrevivência? E a sua?

Esta postagem foi meio que tapa buracos. Tinha umas outras duas ou cinco em mente, mas não tenho clima para fazê-las.
Uma sim, irei fazer.
A outra, farei talvez amanhã. Dependia de algo que deveria estar pronto, mas não está.

E é isso... A cada segundo nos aproximamos do momento de nossa morte... Acho que não disse o quão cansado estou. É bastante.

Bons sonhos, amigos e, por que não, boa morte.

domingo, 4 de setembro de 2011

Muros, Remendos, Vier Mauern, Geada

Olá, Pessoas!

Eu já escrevi antes sobre o quanto Sinal e Ruído se tornou uma obsessão para mim. Cada página, quadrinho e linha me impressiona.
Robert Frost
(um aposto: tá tocando Here Comes The Sun. É uma boa música. Não sou um grande fã dos Beatles, mas essa é ótima)
E no início de Sinal e Ruído tem três... Não sei bem como descrever, deixemos como "Obras-primas", duas de McKean e uma deles dois (os dois são Gaiman e McKean). E uma delas me levou a Robert Frost.
Eu já tinha lido algumas coisas dele, mais especificamente, já tinha lido uma coisa dele, porque a "volta" de Desejo em Noites Sem Fim se chama "O Que Eu Experimentei de Desejo". É uma linha de "Fogo e Gelo".

Eu resolvi postar um poema de Robert Frost (Muro Remendado) e o Vier Mauern (este vem depois, quero colocar o Sinal, não só o Ruído [sim, eu me divirto um bocado escrevendo essas postagens e fazendo piadas de humor semi-privado :]).

Extraí o poema daqui: http://carva1.wordpress.com/2008/05/27/robert-frost/
Achei esse blog ótimo. A autora me lembrou três pessoas completamente diferentes e similares. Experimentem ler um dia.


Muro Remendado


Quem adivinhar de onde é essa  imagem, ganha um prêmio
Alguma coisa existe que não aprecia o muro,
Que enfia bojos de terra gelada por baixo,
E derrama as pedras superiores ao sol,
E faz buracos onde até dois podem passar abraçados.
O trabalho dos caçadores é outra coisa:
Eu cheguei depois deles e fiz a reparação
Onde não deixaram pedra sobre pedra,
Mas conseguiram pôr a lebre fora do esconderijo,
Para deleitar cães latidores. As brechas, quero dizer,
Ninguém as viu fazer ou as ouviu fazer,
Mas na época primaveril dos arranjos encontramo-as lá,
faço o meu vizinho saber para lá da colina;
E um dia encontramo-nos para percorrer a linha
E assentarmos o muro outra vez entre nós.
Mantemos o muro entre nós enquanto avançamos.
A cada um as pedras que caíram para cada um.
E algumas são formas e outras são tão como bolas
Que temos de usar um feitiço para as equilibrar:
“Fica onde estás até voltarmos as costas!”
Ficamos com os dedos ásperos de as manipular.
Oh, somente outro gênero de jogo ao ar livre,
Um de cada lado. Mas vai mais longe:
Aí onde se encontra, nós não precisamos de muro:
Ele é todo pinheiros e eu sou um pomar de maçãs.
As minhas macieiras nunca atravessarão
Para comer os cones sob os seus pinheiros, digo-lhe eu.
Ele só me diz, “Boas cercas fazem bons vizinhos.”
A primavera instiga-me e pergunto-me
Se lhe posso despertar a razão:
“Porque razão fazem bons vizinhos? Isso não é
Onde existem vacas? Mas aqui não há vacas.
Antes de construir um muro eu inquiriria para saber
O que estaria a incluir ou a excluir,
E a quem era suposto ofender.
Alguma coisa existe que não aprecia o muro,
Que o quer no chão”. Poderia dizer-lhe “duendes”,
Mas não são duendes exactamente, e eu prefiro
Que ele o diga a si próprio. Vejo-o por ali,
A agarrar uma pedra com firmeza pelo topo
Em cada mão, como um antigo selvagem armado de pedras.
Move-se na escuridão e parece-me,
Não apenas a das florestas e a da sombra das árvores.
Ele não irá atrás do dito de seu pai,
Gosta de ter pensado naquilo tão bem

E diz novamente, “Boas cercas fazem bons vizinhos.”




Muro na fazenda de Frost


Em breve postarei mais coisas de Robert Frost.
"Existe alguma coisa que não aprecia o muro." Coloquemos abaixo alguns deles.
Bons sonhos a todos.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Fogo e Gelo

Olá, pessoas!


Então, Fogo e Gelo é um poema por Robert Frost.


Achei muito interessante.


Já tinha lido antes, mas não me recordo onde.


Fogo e Gelo


Alguns dizem que o mundo acabará em fogo,
Outros dizem em gelo.
Pelo o que provei do desejo
Fico com quem prefere o fogo.
Mas, se tivesse de perecer duas vezes,
Acho que conheço o bastante do ódio
Para saber que a ruína pelo gelo
Também seria ótima
E bastaria.


Não farei uma análise. "As palavras significam o que queremos que signifiquem".


Deixo, porém, duas músicas. Motivo? "Você mantém a resposta bem no fundo de sua mente".








Não sei ainda como está a minha relação com sonhos. Quero dizer, não está nem ruim nem boa. Simplesmente está. Não devo, portanto, lhes desejar bons sonhos.


E acabou de passar pela minha cabeça outra ideia: deixar uma terceira música.


Era Whisper.





(Acabei de reencontrar Sinal e Ruído.)


E termino a postagem roubando palavras da lindíssima e maravilhosissima Amy Lee;


"Servatis a Periculum,
Servatis a Malificum."

domingo, 15 de maio de 2011

Retratos de Desespero - Números 6, 7, 9 e 10, fora o 3

Boa noite.

Não tenho um Scanner aqui.

Não tenho como arranjar um também. Vou direto para a postagem.

"E as pessoas perguntam
será que a Desespero se desespera,
será que o Sonho sonha,
será que o (a) Desejo deseja?

É mais simples que isso.
Ele é Sonho.
Ela(e) é Desejo.
Ela é Desespero.
Tire o desespero e nada sobra.

Nada, exceto um quarto vazio,
e um anzol de tamanho e forma
perfeitos para fisgar seu coração.".



"Seu beijo é o oceano profundo.


Seu beijo não é o oceano profundo.
Seu beijo são os céus cinzentos.


Seu beijo é um beco sem saída.


Seu beijo é seu toque, é sua respiração
é seu dedo, é o que resta
quando os risos se encerram.


Seu beijo é o cão negro que segue você na escuridão.


Existe um cão negro sob os céus cinzentos, pelo
beco sem saída, junto ao oceano profundo.
Não é o beijo dela. Aproxime-se..."

"Não foi o fato de se amarem, ou saberem que nunca poderiam estar juntos,
Não foi o vento no beiral da casa vazia, ou o ruido seco
dos remédios dentro da garrafa de vidro marrom.
Também não foi o gosto amargo com apenas uma caixa velha de vinho tinto para lavá-lo.


Não foi o fato de acordar com ela morta, enquanto você ainda estava vivo.




Foi a maneira como seus dedos tremeram. Fui um gagejar e o jeito de sua lingua
quando tentou falar. Foi o som das sirenes chegando mais perto.
Foi saber que nunca mais você teria outra chance."

"Desespero se lembra.

É uma recordação peculiar e chata,
na qual as coisas se tornam desoladoras e atadas à escuridão.

Existe alegria aqui,
é claro,
e amor,
e carícias.
A presença que faz
o presente ser absolutamente
insuportável.

Sem triunfo,
sem amor,
sem alegria,
o trabalho dela seria em vão."

"Ela decidiu fazer uma lista das coisas que a deixavam feliz.
Ela escreve 'flor da ameixeira' no topo da página.

Então, ela olha fixamente o papel,
incapaz de pensar em algo mais.



Por fim, começa a escurecer."


E eu estou experimentando alguns retratos de Desespero.

Já escureceu também.

Não matei ninguém, porém.


Não que eu saiba.

domingo, 17 de abril de 2011

Wo sind die Kinder?

Boa tarde, pessoas!

"Onde estão as crianças?
Ninguém sabe o que aqui aconteceu.
Ninguém viu nada
Onde estão as crianças?
Ninguém viu nada"
Rammstein - Donaukinder

Lembrei hoje do conto do Flautista de Hamelin. E a fábula do Menino e o Lobo. Não faço a menor ideia do porque que eu fiz uma relação entre os dois, mas eu fiz.

Imagino que todos conheçam a história do Menino e o Lobo (ou O Menino que Mentia. É aquele que o menino grita que o Lobo está indo devorá-lo. A mãe vai socorrê-lo e descobre que é sempre mentira. Ao final, quando o lobo realmente chega para devorá-lo, ele grita e a mãe não vem).
Enfim, postarei aqui apenas o conto do Flautista de Hamelin. É baseado num fato que aconteceu na Alemanha há quase oito séculos.

O Flautista de Hamelin - Irmãos Grimm

Há muito, muitíssimo tempo, na próspera cidade de Hamelin, aconteceu algo muito estranho: uma manhã, quando seus gordos e satisfeitos habitantes saíram de suas casas, encontraram as ruas invadidas por milhares de ratos que iam devorando, insaciáveis, os grãos dos celeiros e a comida de suas bem providas despensas.    Ninguém conseguia imaginar a causa de tal invasão e, o que era pior, ninguém sabia o que fazer para acabar com tão inquietante praga.  Por mais que tentassem exterminá-los, ou ao menos afugentá-los, parecia ao contrário que mais e mais ratos apareciam na cidade. Tal era a quantidade de ratos que, dia após dia, começaram a esvaziar as ruas e as casas, e até mesmo os gatos fugiram assustados.  Ante a gravidade da situação, os homens importantes da cidade, vendo perigar suas riquezas pela voracidade dos ratos, convocaram o conselho e disseram: Daremos cem moedas de ouro a quem nos livrar dos ratos. Pouco depois se apresentou a eles um flautista taciturno, alto e desengonçado, a quem ninguém havia visto antes, e lhes disse: "A recompensa será minha. Esta noite não haverá um só rato em Hamelin".  Dito isso, começou a andar pelas ruas e, enquanto passeava, tocava com sua flauta uma melodia maravilhosa, que encantava aos ratos, que iam saindo de seus esconderijos e seguiam hipnotizados os passos do flautista que tocava incessantemente.  E assim ia caminhando e tocando, levou-os a um lugar muito distante, tanto que nem sequer se poderia ver as muralhas da cidade.  Por aquele lugar passava um caudaloso rio onde, ao tentar cruzar para seguir o flautista, todos os ratos morreram afogados.  Os hamelineses, ao se verem livres das vorazes tropas de ratos, respiraram aliviados. E, tranqüilos e satisfeitos, voltaram aos seus prósperos negócios e tão contente estavam que organizaram uma grande festa para celebrar o final feliz, comendo excelentes manjares e dançando até altas horas da noite.  Na manhã seguinte, o flautista se apresentou ante o Conselho e reclamou aos importantes da cidade as cem moedas de ouro prometidas como recompensa. Porém esses, liberados de seu problema e cegos por sua avareza, reclamaram: “Saia de nossa cidade! Ou acaso acreditas que te pagaremos tanto ouro por tão pouca coisa como tocar a flauta?".  E, dito isso, os honrados homens do Conselho de Hamelin deram-lhe as costas dando grandes gargalhadas.  Furioso pela avareza e ingratidão dos  hamelineses, o flautista, da mesma forma que fizera no dia anterior, tocou uma doce melodia uma e outra vez, insistentemente.  Porem esta vez não eram os ratos que o seguiam, e sim as crianças da cidade que, arrebatadas por aquele som maravilhoso, iam atrás dos passos do estranho músico. De mãos dadas e sorridentes, formavam uma grande fileira, surda aos pedidos e gritos de seus pais que, em vão, entre soluços de desespero, tentavam impedir que seguissem o flautista.  Nada conseguiram e o flautista os levou longe, muito longe, tão longe que ninguém poderia supor onde, e as crianças, como os ratos, nunca mais voltaram.  E na cidade só ficaram a seus opulentos habitantes e seus bem repletos celeiros e bem cheias despensas, protegidas por suas sólidas muralhas e um imenso manto de silêncio e tristeza.  E foi isso que se sucedeu há muitos, muitos anos, na deserta e vazia cidade de Hamelin, onde, por mais que se procure, nunca se encontra nem um rato, nem uma criança. 
 

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Me pergunto o que foi feito às nossas crianças. Às crianças que nós fomos. E aqui, volto a citar Till, Flake o os outros, mas me lembro de um excerto de Alice no País dos Espelhos (o mesmo que Neil utilizou para prefaciar [não sei se essa palavra existe...] Lendo as Entranhas):
"Onde estão as crianças?
Ninguém sabe o que aqui aconteceu.
Ninguém viu nada
Onde estão as crianças?
Ninguém viu nada

Mães ficam quase na correnteza
e choram um dilúvio.
Nos campos, através dos diques
aumenta a dor em todas as lagoas.
"
"-Quero dizer - disse ela - que ninguém pode fazer nada para não envelhecer.
-Uma pessoa não pode - retrucou Humpty Dumpty -, mas duas podem. Com a adequada assistência, você pode para aos sete anos."
(Lewis Carrol, Alice no País dos Espelhos )

Me pergunto ainda se um dia recuperaremos a doçura da infância.

Mas acho que o ponto que eu queria chegar não era sobre o Flautista, mas sim sobre o Menino e o Lobo. Na fábula, o menino grita e grita. No final, sua mãe não mais vem para socorrê-lo. Mas isso não é verdade. Não sei exatamente qual é o meu ponto com essa postagem, qual a razão para tê-la feito e tudo o mais, mas... Aqui ela está. Talvez seja que a fábula do Menino esteja errada e que a mãe dele sempre venha, por mais que ele minta. Talvez seja que o "Field of Innocence", nas palavras da belíssima Amy Lee já se foi para quase todos nós. Talvez... Quem sabe.

Mas eu sei que hoje à noite eu dormirei cantando "Wo sind die Kinder".
Extraí o conto daqui:
http://members.fortunecity.com/gafanhota/hamelin.htm

Bons sonhos a todos.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Mr. Punch (ou)... Sangue! Sangue! Sangue!

Boa noite, meus amigos!

Esta postagem é para, em parte, responder a uma pergunta da Pandora. Em parte, é para me aliviar.

Hoje eu assisti Criminal Minds, e o episódio me deixou aceso. Não sei porque, o episódio não foi tão bom assim. Mas que deixou, deixou.

Para fazer a postagem, junto isso com o fato de que hoje eu estou relendo A Comêdia Trágica ou A Tragêdia Cómica de Mr. Punch. {mode ironia on] Quem conseguir adivinhar de quem é, ganha um prêmio. Quem errar, também ganha.

Não leia abaixo enquanto não der seu palpite. [mode ironia off]

Acho que esse é um dos trabalhos mais pertubadores do Neil. Embora quase todos sejam pertubadores, esse bate recorde. Os desenhos do Dave Mckean atrapalham me assustam.

E este trecho está me perturbando:

"Num mundo perfeito, ocorre-me agora, eu escreveria isto com sangue e não tinta.

Não se pode mentir quando se escreve com sangue. A responsabilidade é grande demais; e os fantasmas que a pessoa matou ressurgem e induzem a caneta a traçar linhas verdadeiras, transformam a palavra escrita em palavra não não escrita à medida que os traços vermelhos ficam marrons.

É por isso que os pactos com o Diabo têm que ser assinados com sangue. Se você assina seu nome com sangue, é o nome verdadeiro. Não há como mudar isso.

Pronto. Já estou falando de sangue, e era do passado que eu queria falar.

E dos mortos, é claro. Não há como escapar dos mortos."

A postagem é para falar dos mortos.

Mais especificamente, da estranha relação entre Harlequin e Rafael. Considerem-nos de Judy e Punch (respectivamente) nesta postagem, e só nessa. É só para que a metáfora seja entendida. A coisa real não foi nem de longe tão dramática. Na realidade, o trecho abaixo é só uma introdução. O excerto pretendido está em negrito.

Eu irei narrar a cena, não citarei apenas. É a forma como eu vejo-a, então, mil perdões se não é a forma usual. Conto com a indulgência de vocês, que já me perdoaram de coisa muito pior. Estou ficando muito folgado?


***********************************************************************



Punch acabara de arremessar o bebê para fora do palco. Judy pergunta-lhe onde está o bebê. Punch responde-lhe, com o sorriso mais irônico, louco e divertido possivel "Está dormindo".

Judy joga as palavras em Punch: "Mister Punch, seu malvado cruel. Ele não está dormindo. Está morto. Ele matou meu bebê, não foi, meninos e meninas?"

A plateia, a plateia composta de crianças responde "Sim!" "Sim!" "Sim!" "Sim!".

Punch reclama, vestido com seu roupão vermelho, laranja e verde, "Ah! Seus mentirosos malvados!". Mas Punch continua sorrindo. Sempre. É sua sina e seu dom.

E Judy, oh, Judy, envolvida em um vestido vagabundo e um avental branco exclama com sua vozinha leve e delicada "Você é muito mau, Mister Punch, e eu nunca mais vou te beijar". Punch procura no palco e  acha o que procurava. Ele acha um pedaço de pau e ataca Judy com ele.

O malvado Mister Punch atinge Judy no rosto, ela cambalheia. "Eles começaram a bater um no outro, numa confusa dança de pancadas". E Punch atinge, e atinge e atinge a pobre Judy. Punch está psicótico. Seus olhos brilham numa selvageria extrema. E ele volta a bater e bater e bater.

"Até... O fantoche de Judy voar pelos ares... E cair sem vida... bem. na. frente. do. palco".

Punch fica surpreso. Arregala os olhos. Se assusta. "Punch chorou por Judy quando percebeu que ela estava morta, depois fez uma dancinha. Ocorreu-me então que a morte só acontece com tanta frequência em teatros de fantoche para que o ator fique com a mão esquerda livre, a fim de apresentar um novo personagem".

**************************************************************

O que eu descobri (ou, melhor dizendo, me dei conta) agora é que é horrivel deixar uma postagem incompleta de um dia para o outro. Chegando agora, eu percebi que havia um "A" no meio da postagem. Eu não faço ideia do que mais eu ia escrever ontem à noite.

E provavelmente terminarei a postagem por aqui... Não conseguirei lembrar o que queria escrever.

E me despeço aqui, celebrando o acontecimento do A com uma poesia do Drummond:

"No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.

Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra."

Bons sonhos.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Gregorio de Matos - Sal, Cal e Alho

Boa noite!

♠ A postagem da noite é um curtissimo poema do ilustre Gregorio de Matos. Tenho orgulho que este cara tenha sido da minha Bahia, embora nem sempre tenha orgulho dela.

♠ Extraí o poema deste site, não tenho certeza de onde foi publicada primeiramente esta... Obra única.

♠ Estou refletindo há, talvez, meia hora sobre este poema, sem conseguir chegar a uma conclusão real sobre ele. Estou apenas encarando o monitor, no site em que li o poema, e achei que talvez me sentisse melhor se compartilhasse isso com vocês.

"Sal, cal, e alho
caiam no teu maldito caralho. Amém.
O fogo de Sodoma e de Gomorra
em cinza te reduzam essa porra. Amém
Tudo em fogo arda,
Tu, e teus filhos, e o Capitão da Guarda."

♠  Na realidade, cheguei a algumas conclusões:
Eu espero nunca irritar ninguém a ponto de me rogarem uma praga dessas.
Segundo... O "Mestre" amaldiçoava muito, muito bem.

♠ E estou improdutivo pelo resto da noite, paro por aqui.

Bons sonhos...

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Queda de Energia...

Olá.

♠ Como vão?

♠ Ontem faltou energia em grande parte do meu bairro.

♠ Isso me impossibilitou de fazer postagens e responder a quatro e-mails. Triste, não é?

♠ E em breve irei viajar, responderei a mais um e-mail (assim só falta um). Não esperem postagens minhas nos próximos... Cinco dias.

♠ Mas o tempo aqui está muito estranho. Até o ano passado, as chuvas em Janeiro eram tão fracas... O céu caia em Maio, sempre, mas não no ápice do Verão.

♠ Acredito que a culpa disso seja o Esfriamento Global. O que nós vamos fazer?

♠ Ah, "somos humanos, somos espertos. Vamos pensar em alguma coisa." (Neil Gaiman, Bolinhos de Bebê).

 Bons sonhos.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Teorias sobre a Loucura

♠ Bom dia novamente, senhoras e senhores!

♠ Ontem (na realidade, hoje de madrugada), eu pensei um pouco sobre uma frase de Einstein e decidi que postaria algo sobre o assunto (o texto é longo, mas na realidade, é bem curto).

♠ É uma canção de Infected Mushroom, uma banda Israelense e (que eu considero) psicodélica. (continua lá embaixo)



♠ O video está acima e eu reparei que a tradução não se aplica a todos os trechos em Espanhol. Sinto muito.

♠ Eu não me considero normal. O que é ser normal? Eu não faço a menor ideia. A interpretação é por conta do freguês. (continua lá embaixo...)


Becoming Insane
Não me recordo o que passou
Nem me dou conta do que me picou
Tudo da voltas como um carrossel
Loucura percorre toda minha pele


Acorde-me antes que eu mude de novo
Lembre-me da história que eu não fico insano
Fale-me por que isso é sempre igual
Me explique a razão de eu estar sentindo tanta dor

Antes que eu mude de novo...
Lembre-me da história que eu não fico insano
Antes que eu mude de novo...
Lembre-me da história que eu não fico insano
(x2):
Vou perdendo, perdendo
Vou perdendo, perdendo

Vou perdendo, perdendo
Vou perdendo, perdendo

Vou perdendo o chão
Eu estou ficando Insano

I
nsano, Insano, Insano, Insano, Insano, Estou me
tornando Insano!!!


♠ Lembrei desta citação: A questão que às vezes me deixa louco; Louco sou eu ou são os outros? (Albert Einstein). Gee! Eu não sei!


♠ Um fato interessante: o nome original do blog era Teorias e Conspirações de Um Insano, mas aí resolvi mudar. Assim é mais alegre.


♠ Retirei a letra daqui:

♠ Outro dia redescobri este post em um blog. Vale a pena ver.

http://coisas-da-gigi.blogspot.com/2009/12/criminal-minds-algumas-de-suas-citacoes.html

♠ Fiquem bem, loucos.

Bons sonhos.

Apresentação de dois novos membros:

Bom dia, pessoal!

♠ Te(re)mos mais dois membros na equipe: um é o Camarada Caio e o outro é o Sahge.

♠ Caio é um camarada que conheço há tempo, e busca o revisionismo histórico sobre temas polêmicos. A maior parte de suas postagens é sobre temas polêmicos, como Segunda Guerra Mundial. Ele busca (um)a verdade e foi convidado a juntar-se a nós. Sei que às vezes, este tipo de atitude pode vir a ser difícil, mas minhas citações sobre ele são:

Voltaire: "Posso não concordar com uma única palavra do que dizeis, mas defenderei até a morte o vosso direito de dizê-la."  Liberdade de expressão é um direito assegurado por Lei e peço-lhes que, caso se sintam incomodados com as postagens dele, pulem-nas.

 Eugène Lonesco: Ideologias nos separam, sonhos e aflição nos unem.


♠ Sahge é um Harlequin/Pierrot sonhador... E eu passei muito tempo procurando por esta palavra. Ele busca o mesmo que eu. Ainda não sei exatamente sobre o quê ele irá postar aqui, mas posso-lhes garantir que é tudo de ótima qualidade. Dou minha palavra de Harlequin, que apesar de não valer um tostão furado, é sempre impressionante. Aqui está o blog atual dele. E me pergunto: o que dizer sobre ele? O que dizer sobre mim mesmo, porque, sem dúvida, somos muito parecidos? Só há uma citação que ache apropriada:


 A questão que às vezes me deixa louco; Louco sou eu ou são os outros?


♠ Daremos as nossas boas vindas a ambos, não?

♠ Até breve, senhoras e senhores. E não se esqueçam:

Bons sonhos.

Abismos e Monstros

Boa madrugada!


♠ Como vão desde o ultimo post?


♠ Duas coisas devo comentar antes do post:


 No post anterior, cometi um erro. O nome do personagem de The Pretender é Sydney, não Sidney. (tenho principios de TOC, não me olhe assim!).


 A segunda coisa é... No post intitulado  Passagem de Lugar Nenhum com "As Fúrias", eu falei mais do que devia, e agora estou, nas palavras de um sábio que certa vez conheci "numa sinuca de bico". Há duas frases igualmente memoráveis que no momento me esqueci, e são as seguintes: "Em boca fechada não entra mosca" e "Quem come e guarda, come duas vezes".


♠ Agora, lá vou eu:


♠ Lembrei mais cedo de um de meus seriados preferidos, Criminal Minds, e uma de suas mais belas citações.


♠ Nietzsche: 


"Aquele que luta com monstros deve acautelar-se para não tornar-se também um monstro. Quando se olha muito tempo para um abismo, o abismo olha para você."


♠ Me lembrei de Os Outros. Me lembrei de uma música de Fleet Foxes cujo nome eu não me lembro, mas que já apareceu aqui antes. Me lembrei de quando eu era jovem e tolo, e tinha tempo e mais escolhas. E percebi que o abismo mais uma vez começava a me encarar. E esta frase é muito bela (nos dois sentidos). Me fez refletir sobre o Determinismo e o Possibilismo. Se somos o produto do meio, fruto de nossas companhias, amizades, escolhas ou se somos tudo isto, mas podemos alterar tanto ao meio quanto a nós mesmos.


♠ E lembrei de uma outra citação que não tem realmente relação com o assunto, mas que passa e passa pela minha mente: 
Um homem saudável não tortura os outros.
Em geral, é o torturado que se torna o torturador.
(Carl Jung)

♠ E acredito que seja por aqui que eu fique esta noite. Já são duas da manhã (horário real, não o de verão), eu estou meio cansado e um amigo meu com que estou conversando há talvez quatro horas acabou de colocar "Fala que eu te escuto" em volume alto. Isto é suficiente para fazer qualquer um ir dormir.

Bons sonhos a todos! Que eles se realizem!