Esta postagem é para, em parte, responder a uma pergunta da Pandora. Em parte, é para me aliviar.
Hoje eu assisti Criminal Minds, e o episódio me deixou aceso. Não sei porque, o episódio não foi tão bom assim. Mas que deixou, deixou.
Para fazer a postagem, junto isso com o fato de que hoje eu estou relendo A Comêdia Trágica ou A Tragêdia Cómica de Mr. Punch. {mode ironia on] Quem conseguir adivinhar de quem é, ganha um prêmio. Quem errar, também ganha.
Não leia abaixo enquanto não der seu palpite. [mode ironia off]
Acho que esse é um dos trabalhos mais pertubadores do Neil. Embora quase todos sejam pertubadores, esse bate recorde. Os desenhos do Dave Mckean atrapalham me assustam.
E este trecho está me perturbando:
"Num mundo perfeito, ocorre-me agora, eu escreveria isto com sangue e não tinta.
Não se pode mentir quando se escreve com sangue. A responsabilidade é grande demais; e os fantasmas que a pessoa matou ressurgem e induzem a caneta a traçar linhas verdadeiras, transformam a palavra escrita em palavra não não escrita à medida que os traços vermelhos ficam marrons.
É por isso que os pactos com o Diabo têm que ser assinados com sangue. Se você assina seu nome com sangue, é o nome verdadeiro. Não há como mudar isso.
Pronto. Já estou falando de sangue, e era do passado que eu queria falar.
E dos mortos, é claro. Não há como escapar dos mortos."
A postagem é para falar dos mortos.
Mais especificamente, da estranha relação entre Harlequin e Rafael. Considerem-nos de Judy e Punch (respectivamente) nesta postagem, e só nessa. É só para que a metáfora seja entendida. A coisa real não foi nem de longe tão dramática. Na realidade, o trecho abaixo é só uma introdução. O excerto pretendido está em negrito.
Eu irei narrar a cena, não citarei apenas. É a forma como eu vejo-a, então, mil perdões se não é a forma usual. Conto com a indulgência de vocês, que já me perdoaram de coisa muito pior. Estou ficando muito folgado?
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Punch acabara de arremessar o bebê para fora do palco. Judy pergunta-lhe onde está o bebê. Punch responde-lhe, com o sorriso mais irônico, louco e divertido possivel "Está dormindo".
Judy joga as palavras em Punch: "Mister Punch, seu malvado cruel. Ele não está dormindo. Está morto. Ele matou meu bebê, não foi, meninos e meninas?"
A plateia, a plateia composta de crianças responde "Sim!" "Sim!" "Sim!" "Sim!".
Punch reclama, vestido com seu roupão vermelho, laranja e verde, "Ah! Seus mentirosos malvados!". Mas Punch continua sorrindo. Sempre. É sua sina e seu dom.
E Judy, oh, Judy, envolvida em um vestido vagabundo e um avental branco exclama com sua vozinha leve e delicada "Você é muito mau, Mister Punch, e eu nunca mais vou te beijar". Punch procura no palco e acha o que procurava. Ele acha um pedaço de pau e ataca Judy com ele.
O malvado Mister Punch atinge Judy no rosto, ela cambalheia. "Eles começaram a bater um no outro, numa confusa dança de pancadas". E Punch atinge, e atinge e atinge a pobre Judy. Punch está psicótico. Seus olhos brilham numa selvageria extrema. E ele volta a bater e bater e bater.
"Até... O fantoche de Judy voar pelos ares... E cair sem vida... bem. na. frente. do. palco".
Punch fica surpreso. Arregala os olhos. Se assusta. "Punch chorou por Judy quando percebeu que ela estava morta, depois fez uma dancinha. Ocorreu-me então que a morte só acontece com tanta frequência em teatros de fantoche para que o ator fique com a mão esquerda livre, a fim de apresentar um novo personagem".
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O que eu descobri (ou, melhor dizendo, me dei conta) agora é que é horrivel deixar uma postagem incompleta de um dia para o outro. Chegando agora, eu percebi que havia um "A" no meio da postagem. Eu não faço ideia do que mais eu ia escrever ontem à noite.
E provavelmente terminarei a postagem por aqui... Não conseguirei lembrar o que queria escrever.
E me despeço aqui, celebrando o acontecimento do A com uma poesia do Drummond:
"No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.
Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra."
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.
Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra."
"Quem vem lá?
ResponderExcluir...
Que horas são?
Isso não são horas, que horas são?
É você, é o ladrão
Isso não são horas, que horas são?
*Quem vem lá?
Blim blem blão*
Isso não são horas, que horas são?
A casa está bonita...
A dona está demais...
A última visita
Quanto tempo faz?
Balançam os cabides
Lustres se acenderão
O amor vai pôr os pés
No conjugado coração
Será que o amor se sente em casa?
Vai sentar no chão? Será que vai deixar cair
A brasa no tapete, coração?
Quando aumentar a fita
As línguas vão falar
Que a dona tem visita
E nunca vai casar
Se enroscam persianas
Louças se partirão
O amor está tocando
O suburbano coração
Será que o amor não tem programa?
Ou ama com paixão?
Mulher virando no sofá
Sofá virando cama, coração
O amor já vai embora
Ou perde a condução
Será que não repara
A desarrumação
Que tanta cerimônia
Se a dona já não tem
vergonha do seu coração...
*Quem vem lá?*