quinta-feira, 5 de novembro de 2009

♦ Ato I, Cena 4

[Kabbalista aparece despindo-se de seu traje ritual]

♦ Se sois homens, Harlequin e Pierrô, sabeis que não vivemos sem uma boa foda e toques sensuais.

[Kabbalista solta uma gargalhada ululante]

♦ A vida não gira em torno de um único pilar, senão três. O pilar mais sublime é o do amor, mas a misericórdia e a severidade fazem parte de nossa experiência. Nenhum homem alça a coroa de rei de sua vida sem conhecer as dores do mundo.

♦ Um doutor [Kabbalista olha nos olhos de Harlequin] nas lições do mundo acima de nossa vivência compreende que a paixão é um dos fogos que mantém o homem vivo. Mas entregar-se a elas como um condenado entrega sua cabeça ao carrasco é pedir à morte que nos dê um beijo.

[Kabbalista senta-se no chão, em posição de lótus]

♦ Mas de nada adiantaria, se ficássemos imóveis para sempre meditando, se não tivessemos como por em prática o que aprendemos do outro lado.

♦ Um doutor, fala em enigmas que só ele e seus irmão entendem. Mas o idioma do coração é universal, apenas nosso nível e forma de compreensão difere.

♦ Uns encontram o amor no indivíduo, o outro, na sociedade. Não se enganem com a frieza e dureza do doutor aqui, seus sentimentos são cavalos selvagens, nunca errantes, mas sempre livres. Sua casca material serve a sua vontade, mas seu coração serve apenas AO amor. Uma pessoa tem a chave deste coração sofrido, mas só eu sei como abri-lo.

[Kabbalista, consciente do monte de besteiras roânticas e do conteúdo new age do que enunciou até aqui, decide cantar uma música que define sua visão do amor, afim de evitar maiores constragimentos com a sua recente inabilidade com as palavras]



[Após cantar sua musiquinha em tom de nostagia e anacronismo, Kabbalista balbucia algumas palavras initeligiveis, fecha os olhos e mergulha no vazio da mente, não retornando mesmo com o barulho retumbante dos seus dois amigos. Sabe que está sob o efeito das drogas do amor, que só será capaz de proferir palavras de alguma valia, quando for capaz de equilibrar ambos os mundos. Absorto no vazio, ele cria a sua própria realidade e se refugia do resto da terra]

Nenhum comentário:

Postar um comentário