Eu não tenho muito isso. E, aliás, se alguma coisa, o Steam me fez repensar o conceito de promoções. Comprar algo numa pré-venda é raríssimo para mim. O último tinha sido justamente Contrast, aquele meu amor S2.
Child of Light mandou e ainda manda uma reação incrível de desejo, paixão e carinho pelo jogo, que é, sob todas as análises, uma verdadeira obra de arte.
Tudo me encantava. Desde a voz da dubladora original ao estilo gráfico pintado à mão com aquarela, passando pelo cabelo belíssimo de Aurora, a premissa e os personagens ligeiramente estereotipados, típicos de contos de fada, e isto me fez forçar meu dinheiro na tela do computador e comprar na pré.
Eu me lembro de dizer que queria literalmente dar um abraço naquele jogo. E eu ainda quero.
Nunca gostei de jogos em turno. Os últimos que tinha jogado antes dele era Sonny (um joguinho de navegador) e Shining Force. A versão de Mega Drive.
Child of Light foi absolutamente tudo o que eu esperava (e olha que eu esperava muitíssimo) e ainda mais. A trilha sonora é linda, a ambientação e os gráficos foram ainda mais.
Cada única linha de diálogo foi feita com bastante atenção. Antes que eu fale mais sobre isso, assistam o trailer.
Capa com Aurora e Sir Firefly, o Vagalume. |
Notaram algo? Sim, é dublado em português. O jogo todo é assim, na verdade. Tanto a dublagem quanto o texto (pode ser assim, na verdade, já que você pode escolher outros idiomas. A tradução para o português foi excelente. Prefiro a dubladora original, mas o voice tone pairing e a tradução per se foi excelente.).
Mas não é isso o que estou perguntando. Sim, aquela outra coisa. As rimas.
Absolutamente todas as linhas de diálogo são escritas em verso, e isto já valeria o valor do jogo.
Mas CoL não fica apenas em um jogo lindo, aquarelado e rimado. O roteiro é interessante, e deixa espaço para continuações, tanto para lore, quanto para personagens.
O trailer acima dá uma boa ideia sobre o tema.
A jogabilidade é incrível (embora seja muito melhor se você tiver um controle) e o combate é bem interativo e intuitivo.
Dificilmente alguém conseguirá todas as skills no primeiro jogo, já que a partir do nível 45 é necessário muito XP para upar. No entanto, CoL conta com New Game +, e aí sim dá pra dar master.
Os combates são nivelados e intuitivos, e as animações de batalha são condizentes com o estilo do jogo: simples, belas e bem trabalhadas para cada personagem.
Durante os combates, quando a HP cai abaixo de 30 ou 40% (não lembro de cabeça), dá para notar que o personagem está abatido, cansado, cada um do seu jeito. Aurora fica cabisbaixa, e com a espada mais frouxa, Finn abaixa um pouco o cajado etc... As animações de dodge e ataque são exclusivas de cada classe também.
A animação do cabelo de Aurora, que tem uma importância simbólica moderada, é a melhor e mais linda que já vi, e roubou o primeiro lugar de Alice, de Alice: Madness Returns. O terceiro é da Lara do último Tomb Raider.
Crafting de itens trabalha de forma similar ao de Diablo 2, embora muito mais enxuto, e as gemas muuuuuuuuuito mais comuns.
A física per se também é simples, imaginativa e bela. Voar perto de água é fantástico.
Aurora em pleno voo. |
Chega de tecnicalidades, vamos voltar ao que interessa!!! Beleza, poesia e intertextualidades!
Os diálogos dos personagens são espirituosos, em rima, e a construção de cada personagem é redonda, embora muitos sejam arquétipos comuns na literatura, como a dialogia palhaço triste/palhaço bufão.
Há referências a diversos contos de fada e obras da literatura fantástica. Para dizer apenas os mais conhecidos, temos Branca de Neve, Cinderella, a própria Bela Adormecida (qual era o nome da Bela Adormecida mesmo?) e, para minha eterna alegria, O Mágico de Oz (hint hint este personagem reclama que lhe falta uma parte de si, e que não consegue sentir como deveria).
O simbolismo é bonito e inteligente. A coroa foi uma das sacadas mais bonitinhas que já vi. Sob última instância, para um jogo 2D, tem tantos caminhos que eu me perdi mais de uma vez.
Como não amar algo pintado em aquarela? |
E com tantos detalhes? |